Sábado foi o pior dia em incêndios desde o início da fase crítica

Viana do Castelo foi ontem o distrito mais fustigado. PJ investiga fogo que começou de noite no Parque Sintra-Cascais. Meio país em risco máximo

a Anteontem registaram-se em Portugal 229 incêndios florestais. Foi o pior dia desde 1 de Julho, quando arrancou a chamada fase Charlie, definida pelas autoridades como a mais crítica em termos de risco. Ontem, os bombeiros não tiveram mãos a medir, tanto no Norte como na região Centro, mas à hora do fecho da edição ainda não se sabia se seria batido o recorde de sábado. Hoje, metade do país continental está com o nível de risco máximo.

A Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC) mantém, desde ontem e até às 20h00 de hoje, o alerta amarelo no país, devido ao "aumento de perigo de incêndio florestal".

Em declarações ao PÚBLICO, a assessora de imprensa da ANPC disse ontem, ao final do dia, que não havia dados para perceber se o pico registado no sábado poderia ser ultrapassado ou não. "Está a ser um Verão perfeitamente normal. Já tivemos anos com valores mais elevados", disse a mesma fonte.

O dia de ontem ficou marcado por um incêndio na Malveira da Serra, numa área de mato no Parque Natural de Sintra-Cascais. As chamas deflagraram durante a noite e foram dadas como dominadas perto das oito da manhã. Porém, segundo o site da ANPC - que só presta informação sobre os incêndios com mais de duas horas ou mais de dez veículos operacionais ou mais de três meios aéreos pesados - houve um reacendimento depois das 16h00, voltando a ser considerado dominado às 18h25. Viveram-se momentos de sobressalto entre os moradores da povoação vizinha de Alminhas Velhas, que chegaram a temer pelas suas habitações.

O alerta para este fogo, que terá deflagrado junto à Estrada Nacional 247, foi dado perto das 3h00, estando a sua origem em investigação pela Polícia Judiciária. "Na realidade, a esta hora a floresta sozinha não arde, nem o mato, mas as entidades competentes estão no terreno a tomar conta desta situação", admitiu o comandante distrital de Lisboa da ANPC, Elísio Oliveira.

No distrito de Santarém registou-se um incêndio junto à localidade do Frazão, concelho de Coruche, que consumiu uma área de pinhal e eucaliptal. O combate mobilizou 85 operacionais, 20 veículos, dois helicópteros e um avião. O fogo foi considerado dominado perto das 15h00. Ao final da tarde, de acordo com a mesma fonte, havia ainda nove incêndios activos no país, depois de, durante a madrugada e manhã, outros terem começado e terminado. O fogo de Gavião, em Vila Velha de Ródão (Castelo Branco), que chegou a mobilizar 91 homens, era dado como dominado às 18h00.

A norte, o distrito de Viana do Castelo foi o mais fustigado, registando-se fogos florestais nas localidades de Castelo, Pedreira, Monte do Carvalho e Mondim de Cima. O distrito do Porto não escapou incólume às temperaturas elevadas e às 14h47 foi dado o alerta para um fogo em Infesta, concelho de Amarante, que às 18h00 era combatido por 36 homens e 11 veículos. Em Braga, na Serra da Cabreira, 32 homens combatiam um incêndio florestal cujo alerta fora dado às 15h33.

Os meios aéreos também foram chamados para um incêndio que começou pouco depois das 16h00 num eucaliptal em Outeiro, Santa Maria da Feira, e para o qual foi destacado um helicóptero, além de 75 homens. Viseu era, ao final da tarde, o último distrito marcado a vermelho pela protecção civil, por causa do fogo que lavrava na Cunha Alta (Mangualde).

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