Populistas e populares: os candidatos do Tea Party

Eram quase desconhecidos antes destas eleições, mas conseguiram a atenção nacional - ou porque derrotaram candidatos mais experientes e favoritos nas primárias locais do Partido Republicano, ou porque têm provado que nenhuma gaffe ou opinião controversa são letais nesta temporada eleitoral. A moderação está out, o extremismo está in. São a primeira fornada de políticos apoiados pelo Tea Party e têm sido o centro das atenções. Washington, prepara-te.

Christine O"Donnell

Se um dia alguém olhar para trás, há-de perguntar por que é que os media passaram tanto tempo a falar de Christine O"Donnell nestas eleições, apesar de quase ninguém acreditar na sua vitória. Por causa de comentários feitos em programas de televisão durante a juventude, sobre masturbação (que comparou ao adultério) e bruxaria (que experimentou), O"Donnell tornou-se uma anedota primeiro, e uma obsessão a seguir. Há quem diga que é uma cópia de Sarah Palin, que a apoia. O seu programa político? "Se eu for para Washington, vou fazer o que você faria." Candidata ao senado pelo Delaware, as suas posições são consideradas demasiado extremas para conseguir vencer naquele estado moderado e tendencialmente democrata.

Joe Miller

Um novato sem prática política, Joe Miller derrotou Lisa Murkowski, a senadora em funções nas primárias republicanas do Alasca. O Alasca é fortemente republicano, por isso Miller é apontado como o mais que provável vencedor. Apoiado por Sarah Palin, este advogado formado na Universidade de Yale diz que o subsídio de emprego é "inconstitucional", é um crítico da recente reforma do sistema de saúde e recentemente expressou admiração pelo Muro de Berlim quando falava de imigração. A semana passada, os seus seguranças privados algemaram um jornalista local que tentou questionar Miller sobre o uso dos computadores da firma onde trabalhava para fins de campanha.

Sharron Angle

Já esteve muito atrás do seu adversário democrata nas sondagens, mas recuperou terreno, e hoje ninguém se atreve a dizer quem vai ganhar no Nevada. Se for Angle, será uma vitória simbólica: a candidata do Tea Party terá derrotado o líder da maioria democrata no Senado e um aliado de Obama, Harry Reid. Angle, uma avó de 61 anos, é contra o aborto, mesmo em caso de incesto, e pró-armas (proclamou que a venda de armas está em alta porque os americanos desconfiam do Governo). Também disse que queria privatizar a Segurança Social e que a fronteira com o Canadá era a mais desprotegida, "por onde os terroristas entram", o que gerou o protesto da embaixada canadiana.

Rand Paul

Um dos primeiros a abraçar o apoio e a causa do Tea Party, Rand Paul propõe subir a idade da reforma e fazer com que a caridade passe a assumir alguns dos serviços sociais garantidos actualmente pelo Governo. Oftalmologista, filho do congressista republicano do Texas Ron Paul, em Maio, depois de vencer tranquilamente as primárias republicanas no Kentucky, Rand questionou a Lei dos Direitos Civis de 1964, sugerindo que as empresas privadas deviam ser livres para recusar clientes em função da raça, caso quisessem.

Carl Paladino

Se só pudéssemos levar um candidato para a ilha das campanhas que desafiaram todos os limites, Carl Paladino é o campeão. Ganhou as primárias republicanas num estado - Nova Iorque - em que o partido costuma apostar em moderados, com bons resultados. O seu slogan de campanha é: "Estou zangado como tudo". Candidato a governador, prometeu levar um taco de basebol para a capital do estado, para lidar com a classe política. Durante a campanha soube-se que Paladino, que fez fortuna na área do imobiliário, mandou e-mails a amigos contendo piadas racistas e imagens pornográficas, envolvendo sexo com animais. Recentemente, declarou que as crianças não deviam ser sujeitas a "lavagens cerebrais" e serem levadas a pensar que a homossexualidade é aceitável. K.G.

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