Sem venda de património as contas seriam negativas

As contas de 2009 da Câmara do Porto saldaram-se por um resultado líquido positivo de 6,3 milhões de euros, conforme destacou o seu presidente, Rui Rio. No entanto, na assembleia municipal que começou anteontem e acabou ao início da madrugada de ontem, a socialista Isabel Aires fez notar que se verificou uma venda de 7 milhões de euros do imobilizado. "Ou seja, se não tivesse havido esta venda, teríamos tido um resultado negativo", afirmou. A deputada também contrapôs outros dados à redução de 80 funcionários da câmara verificada no ano passado, o que representou uma poupança de 1,7 milhões. "Mas há também um aumento de 1,9 milhões de euros no fornecimento de serviços externos especializados", contra-argumentou. Mas as duas observações não tiveram resposta por parte do executivo.

Já quando Isabel Aires afirmou que aumentaram os gastos com horas extra, nesse caso o vereador dos Recursos Humanos, Sampaio Pimentel, garantiu que não. Segundo o vereador, a diferença deve-se ao facto de este ano as regras de contabilidade obrigarem a incluir as horas extras feitas aos fins-de-semana e feriados, o que não acontecia antes.

Também José Castro, do Bloco de Esquerda, apresentou uma justificação para o aumento de 87 milhões do imobilizado do domínio público que Rui Rio antes enaltecera (ver texto ao lado). "Esses 87 milhões são as empreitadas da Casa da Música que passaram para o município. Falem a verdade!", disse José Castro, mas as suas palavras não obtiveram resposta por parte do executivo.

Já Artur Ribeiro, da CDU, lembrou que o caderno de encargos sobre a concessão da limpeza urbana a privados apontava para um gasto de 5,4 milhões de euros e que este era o argumento esgrimido pela maioria para delegarem esse serviço. No entanto, conforme argumentou o deputado comunista, a adjudicação da limpeza foi feita por 7 milhões de euros e o que se pagou de facto foram 8,5 milhões. "Ou seja, ficou mais caro do que se continuasse público", concluiu Artur Ribeiro, sem que as suas palavras fossem contestadas.

Artur Ribeiro até elogiou o nível "muito elevado" de execução orçamental, mas continua a considerar que a gestão de Rio "é muito pequenina, sem chama" e que "a cidade está empobrecida, envelhecida e triste". A.R.

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