Alemanha humilhou a Inglaterra, mesmo com o golo que não aconteceu

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A atenção de Mertesacker e a desilusão de Rooney Dylan Martinez/ REUTERS

Ingleses sofreram a sua maior goleada num jogo que trouxe à memória a final do Mundial de 1966 por causa de uma decisão polémica da equipa de arbitragem

"Jogámos bem", disse Fabio Capello. A Inglaterra e o mundo discordam. A Alemanha impôs à selecção inglesa a pior derrota (4-1) do seu historial em Mundiais e marcará presença, pela 14.ª vez consecutiva, entre os oito melhores da competição. Foi um triunfo merecido, mesmo que o nome de Frank Lampard devesse aparecer na ficha de jogo como um dos marcadores. O seu remate aos 38" entrou realmente na baliza de Neuer, o que na altura valeria o empate a dois, mas antes e depois a Alemanha, que defrontará agora a Argentina, foi superior naquele que foi o mais recente capítulo de uma das grandes rivalidades do futebol internacional.

"Franks for nothing", titulou o jornal inglês The Sun, num jogo de palavras que juntou esse lance e a fraca qualidade da sua selecção, que sai da África do Sul com apenas uma simples vitória (1-0) sobre a Eslovénia para mostrar. A Alemanha entrou a todo o gás e, aos 32 minutos, já liderava por 2-0. Klose e Podolski, os polacos que nasceram para marcar pela Alemanha, fizeram o 50.º e o 40.º golo, respectivamente, pela Mannschaft. Klose marcou seis golos em 38 jogos pelo seu clube esta época e Podolski três em 31. No mesmo espaço de tempo, mas pela selecção, o avançado do Bayern marcou seis golos em 11 jogos e o do Colónia sete em 13.

A Alemanha criava problemas de cada vez que atacava e a Inglaterra parecia moribunda. Mas Upson (37"), depois de um cruzamento de Gerrard, reanimou-a, apesar da história dizer que só venceu um jogo do Mundial depois de sofrer primeiro, a final da edição de 1966. Há 44 anos, quando a Inglaterra venceu a Alemanha (4-2), Geoff Hurst marcou o 3-2 no prolongamento com um lance parecido com o de Lampard (bola na barra e a dúvida se entrou ou não). A bola do médio do Chelsea, que até tinha feito em 2006 um anúncio com o antigo guarda-redes alemão Kahn que imitava o golo de Wembley, contudo, esteve claramente para lá da linha.

"Foi um golo claro - 40 mil pessoas sabiam-no e eu sabia, mas houve duas pessoas que não. Certamente que afectou o jogo", sublinhou Lampard. As casas de apostas inglesas também e decidiram pagar a quem arriscou num golo do n.º 8. O momento vai reavivar o debate sobre o uso de tecnologia para avaliação de lances duvidosos, recurso que a FIFA sempre recusou. "Foi o momento mais importante do jogo. Onde está a tecnologia? Em vez disso, estamos a falar se foi ou não golo", acrescentou o seleccionador italiano. Os alemães, no entanto, estarão a pensar: "Cá se fazem, cá se pagam!". Não que não tenham conseguido as suas "vinganças" desde 1966. A Alemanha eliminou a selecção dos "três leões" nos quartos-de-final de 1970, e nos penáltis nas meias-finais de 1990 e do Euro 1996. E ontem, em Bloemfontein, pareceu quase sempre a melhor equipa, a mais rápida e a mais inteligente na troca de bola, desbaratando por completo a defesa inglesa, com Klose, Podolski, Özil, Thomas Müller e Khedira em destaque.

"Foi uma exibição grandiosa contra uma Inglaterra muito experiente", considerou Joachim Löw, o seleccionador alemão. "Dominámos com muita autoridade, mesmo tendo tido um período difícil quando eles reduziram e marcaram aquele golo que deveria ter sido validado". Um remate à barra num livre de Lampard - não, a bola não entrou - no início da segunda parte foi o mais perto que os ingleses voltaram a estar do empate.

A diferença de velocidade entre as duas equipas notou-se nos outros golos alemães. Exposta aos contra-ataques, a Inglaterra sucumbiu a dois golos de Müller (67" e 70"). Por uma vez, um jogo a eliminar entre estes rivais não foi para prolongamento.

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