Centro comercial Stop já tem palco para a centena de bandas que ensaiam nas lojas

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O Spot, o novo bar e sala de espectáculos do Centro Comercial Stop, abriu há um mês NÉLSON GARRIDO

Bar Spot abriu há um mês para que este viveiro de músicos do Centro Comercial Stop, onde ensaiam mais de 100 bandas, deixe de ser visto como um "buraco escuro e medonho"

Em meados dos anos 90, a loja 138 do centro comercial Stop, na Rua do Heroísmo, era um dos seus principais pontos de atracção. Ali funcionava o bar Balancé, dedicado à música brasileira e frequentado por vários jogadores de futebol. O seu declínio teve como contraponto a crescente importância das bandas musicais no espaço. Hoje, o Stop é uma mega-sala de ensaios: estima-se que cerca de 100 bandas ocupem as antigas lojas, o que deverá corresponder a cerca de 500 músicos. No entanto, faltava um lugar onde estes grupos pudessem mostrar as suas criações. Nascido a 1 de Janeiro deste ano, no lugar do antigo Balancé, o bar Spot pretende colmatar esta lacuna. Tem capacidade para 200 pessoas, um palco e uma sala de exposições.

"Durante muitos anos o Stop esteve "fechado". Ninguém o conhecia, só as bandas. Com o bar, queremos acabar de vez com o Stop dos músicos, para o tornar numa casa da música, aberta ao público", explica Francisco Bernardo, um dos dois sócios que tomaram em mãos o projecto, através da associação cultural Cenário Poético. Francisco, conhecido no centro comercial como Chico, é um dos seus maiores animadores: há cinco anos que aqui ensaia com os Slow Motion Beer Walk, uma banda influenciada pelo grunge, e é também proprietário da Stop Store, uma loja de instrumentos situada no piso térreo. Rui Bernardino, do "vizinho" café Telhadinho do Vitamena e ex-funcionário do Balancé, foi o parceiro na recuperação e equipamento do espaço, que custou cerca de 10.000 euros. "A sala está tratada acusticamente e temos todas as condições técnicas", garante Francisco Bernardo.

Nas várias salas deste centro comercial típico dos anos 80 podem encontrar-se os estilos musicais mais variados. Por isso, o Spot reflecte essa diversidade: "Só não quero metal extremo, porque para isso já há outro espaço, o MetalPoint", adianta o músico. A partir de Fevereiro, o Spot vai estar aberto de terça a domingo, das 22h às 4h, com uma agenda temática: jam sessions às terças-feiras, funk às quartas, reggae às quintas, rock às sextas e metal aos domingos. O sábado está reservado a bandas já com algum cartaz. O preço de entrada depende dos grupos em causa, mas ronda, geralmente, os três euros. A agenda está disponível no sítio www.myspace.com/spotporto.

Francisco Bernardo acredita que o projecto, que já teve uma tentativa falhada há cerca de um ano atrás, pode vingar: "Acho que há massa crítica, espero que a associação se mantenha por si própria e cresça." A grande maioria das bandas do Stop deve ter, mais tarde ou mais cedo, uma oportunidade para pisar o palco do bar, mas o objectivo é também atingir públicos que não conhecem este viveiro de bandas. "Este é um sítio do mais tranquilo que há e é preciso que isso se saiba para que ele deixe de ser visto como um buraco escuro e medonho", adianta. A verdade é que restam poucos lojistas tradicionais e que as bandas se tornaram o core business da administração do centro comercial. "Os comerciantes saíram daqui ou renderam-se, já não protestam. Somos a verdadeira Casa da Música."

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