Almeida Santos diz que sacrifícios "não são incomportáveis"

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Almeida Santos

CDS afirma que Governo "falhou". BE diz que estas medidas "não eram inevitáveis" e PCP avisa para a resposta dos trabalhadores

O presidente do PS considera que o esforço pedido pelo Executivo com novas medidas de austeridade "não são sacrifícios incomportáveis" e que "o povo tem que sofrer as crises como o Governo as sofre".

Questionado pelos jornalistas à entrada da sede do PS, onde à noite iriam decorrer reuniões do Secretariado Nacional e da Comissão Política, convocadas por José Sócrates, Almeida Santos lembrou que "esta crise só tem paralelo nos anos 20 do século passado" e reconheceu que "são medidas impopularíssimas", mas que deverão chegar para "afastar o FMI". "Não é qualquer Governo que toma medidas como estas e está disponível para sofrer as consequências", vincou.

Para Almeida Santos "a bola agora está no lado da oposição", e avisou que "não se pede ao PSD que seja co-responsável. Pede-se que por razões patrióticas aprove o orçamento".

No Parlamento, os partidos mais pequenos reagiram mal aos anúncios dos "sacrifícios". O secretário geral do PCP, Jerónimo de Sousa, disse rejeitar as novas medidas de austeridade, que classificou como "uma ofensiva brutal" aos rendimentos do trabalho que não vai ficar sem resposta. Em seu entender, o corte nos salários da função pública, nos apoios sociais e o aumento do IVA, com o consequente aumento generalizado dos preços, são medidas que "não vão resolver nenhum dos grandes problemas nacionais" e vão contribuir para aumentar o desemprego.

Considerando "inaceitável" que José Sócrates fale em "irresponsabilidade política" por parte da oposição, Jerónimo ripostou: "Irresponsabilidade é aquilo que está a ser feito. Procuram criar mais sacrifícios que apenas vão para esse sorvedouro insaciável que são os mercados financeiros e não se responde ao fundamental, a necessidade de mais criar mais riqueza, mais investimento".

Pelo BE, Helena Pinto considerou que o aumento dos impostos e o corte nos apoios sociais "não era uma inevitabilidade" e condenou as medidas anunciadas pelo Governo, afirmando que esta "receita é antiga" e acrescenta "recessão à recessão". Para a deputada, é "uma receita que vem em duplicado": "Ficaremos com o IVA mais alto de toda a União Europeia, com um aumento de outros impostos por arrasto e com um corte nos salários, mais um corte brutal nos apoios sociais". A deputada reconheceu que "o país está a atravessar uma grave situação", mas que "propostas não faltam para inverter esta situação".

Já a deputada do CDS-PP Cecília Meireles considerou "surpreendente" que o Governo determine a suspensão do investimento público mantendo o TGV, a terceira travessia do Tejo e o novo aeroporto. Cecília Meireles defendeu que o Governo "deve assumir a responsabilidade de ter falhado", frisando que os anúncios feitos hoje pelo primeiro ministro "são a prova disso mesmo" e de que "estava errado" o caminho seguido "no PEC [Programa de Estabilidade e Crescimento] e no PEC II".

Por seu lado, as estruturas sindicais da administração pública, da CGTP e da UGT, foram unânimes em considerar que a redução salarial anunciada pelo Governo para a função pública vai suscitar protestos por parte dos trabalhadores. Para Ana Avoila, da CGTP, "o descontentamento dos trabalhadores vai decerto culminar numa greve". com Lusa

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