Dois prédios desabaram sobre três carros na Rua de Miguel Bombarda

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O alerta para o desabamento foi dado pouco depois das 18h30 nelson garrido

Estabilidade da fachada do prédio a poente dos edifícios que ruíram preocupava as autoridades, que admitiam abrir a rua ao tráfego de pessoas e automóveis ainda esta manhã

Não fez nenhuma vítima a derrocada da fachada de dois edifícios contíguos na Rua de Miguel Bombarda, no Porto, que às 18h30 de ontem esmagou três automóveis estacionados no lado oposto da via pública. Com a ajuda de uma equipa cinotécnica dos bombeiros de Vila do Conde, os Sapadores do Porto confirmaram ao início da noite a informação passada pelas testemunhas: que não estaria ninguém entre os escombros de granito e madeira.

Eram seis e meia, mas era também Verão para uma rua habitualmente conhecida por outro movimento de gente e de carros àquela hora - basta ver o Google Maps, testemunha do grau de degradação em que estavam os números 254 e 264, mas também da sorte que é o não estar a passar ninguém ontem, por ali, àquela hora. Não passava. Foi o que garantiu às autoridades Carlos Teixeira, um distribuidor de águas para a restauração que se dirigia para o carro estacionado à frente do último veículo esmagado.

"Comecei a ouvir o som, lentamente. Parecia-me um desses aviões supersónicos. Depois é que reparei que vinha do prédio e voltei para trás a correr, e entrei no centro de saúde. Foi a tempo de ver os efeitos do desabamento, que espalham blocos de pedra a toda a largura da via. Um deles ainda atingiu a montra do Salão Olímpia, mesmo em frente, onde o empregado António Dias, sem clientes naquele momento, viu de repente uma nuvem de poeira colar-lhe o susto ao corpo. A mesma poeira que, do lado de fora, se espalhara rua acima, em direcção a Cedofeita, competindo por momentos com a nuvem de fumo, esta provocada pelos incêndios, que ao longo do dia pairou sobre a cidade.

Os Sapadores enviaram para o local vinte homens e quatro viaturas, entre elas uma auto-escada que lhes permitiu ver de cima, e mais de perto, o interior das duas casas que abateram. Destes, o imóvel mais a poente, o número 264, estava em obras no interior mas ontem ninguém arriscava dizer se esta intervenção teria alguma relação com a derrocada. Presentes no local, os proprietários deste edifício e responsáveis pela obra do prédio contíguo, o 274, não prestaram declarações.

Susto para os bombeiros

Pelas 20h30, parte da parede de empena que ligava o 264 ao 274 acabou por cair também, no interior do terreno do prédio, assustando quatro bombeiros que se encontravam sobre os escombros na rua. A segurança deste edifício, o 274, era uma das preocupações dos bombeiros. Segundo o comandante Carlos Costa, a fachada apresentava "alguns ferimentos", e do comportamento deste imóvel - que tinha andaimes e uma vedação de segurança - iria depender o andamento dos trabalhos, nesta madrugada.

O vereador da protecção civil, Sampaio Pimentel, esperava ter a rua desimpedida ainda esta manhã, "se tudo corresse bem".

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